sábado, 18 de junho de 2011

Neto de Trotsky se apresenta no Brasil


Um testemunho vivo da história, repleto de detalhes, coragem e muita emoção. O espírito da revolução de 1917 chegou com toda força e personagens como Trotsky, Lênin e Marx estavam mais vivos do que nunca.

Uma aula de história? Páginas sobre o marxismo foram folheadas, observadas e ouvidas. Atentamente.

O Anfiteatro TUCA – PUC SP- tornou-se pequeno para as mil pessoas que estavam presentes, dentre sindicalistas, comunistas, militantes, artistas, historiadores e comunicadores. Até os capitalistas mais exacerbados se permitiram viajar pela história. Mas todos com o mesmo objetivo: Participar da Conferência proferida pelo neto de Leon Trotsky, Esteban Volkov, organizada pela Livraria Marxista.

Aos 85 anos, demonstrando lucidez e vivacidade em tudo que dizia, Volkov conta detalhadamente sobre quem foi Trotsky, aspectos importantes da Revolução Russa e sobre o assassinato de seu avô a mando de Stalin.

Embora não tenha a pretensão de ser um continuador da obra de Trotsky, compreende que é seu dever e compromisso desmistificar a campanha de calúnias e mentiras contra seu avô, organizadas mundialmente pelo stalinismo desde a década de 1920. Com isso, pretende restabelecer a verdade histórica.

A Revolução Russa, considerada por críticos e historiadores como o mais importante acontecimento do século XX, foi um processo histórico da revolução popular, do ponto de vista social e político, que marcou o fim de uma das últimas monarquias hereditárias do planeta, o czarismo. Com a revolução, o socialismo pela primeira vez chegou ao poder e a ideologia socialista passou a exercer uma forte influência em âmbito internacional. É uma revolução repleta de contradições, povoada de discípulos e críticos. Dividiu-se em duas etapas, uma em fevereiro de 1917 e outra em outubro do mesmo ano, e dela participaram 160 milhões de pessoas.

O efeito da Revolução ao redor do mundo foi avassalador e instantâneo. Foi vista pelos conservadores com tenebricidade e pelo proletariado uma esperança. Para Esteban, a Revolução possibilitou que a Comuna de Paris fosse exercida e, com isso, o proletariado pôde construir uma nova sociedade. Personagens importantes foram fundamentais para que a Revolução ocorresse: Os companheiros Trotsky e Lênin.

Depois de Lênin, Trotsky foi o personagem mais importante da Sublevação de 1917. Segundo o próprio Volkov, existem páginas em branco com a assinatura de Lênin em vários documentos, autorizando Trotsky a tomar qualquer decisão em sua ausência. Ambos tinham total conhecimento sobre o marxismo e sua parceria e não era fruto do acaso, mas de uma total consciência política. Conseguiam admiração até de militares inimigos.

Com a morte de Lênin e Stálin tomando o poder, Trotsky e sua família se refugiaram em outros países. Muitos historiadores avaliam a luta de Trotsky contra Stalin como uma luta pelo poder. Mas na realidade, Trotsky temia a ditadura que seria implantada por Stálin. O que de fato aconteceu. “ O regime de Stálin tornou-se a maior arma do capitalismo para atacar e desmoralizar o socialismo”, afirmou Esteban, conforme escritos feitos por seu avô, nas obras: “Stalin – o grande organizador de derrotas”, “A Revolução Desfigurada” e “A Revolução Traída”.

Para lutar pela sobrevivência e proteger a família, Trotsky buscou exílio em alguns países, como Turquia, França e México.“Em Paris, percebi a sanguinária mão assassina de Stálin”, disse Volkov. Por meio da polícia secreta de Stálin, muitas vidas foram interrompidas e famílias foram separadas. Em entrevista chegou a dizer que Stálin conseguiu ser pior que Hitler.

Sem passaporte e ressarcido por todos os governos, Trotsky buscou exílio no México, já que o então presidente, Lázaro Cárdenas, também era antiimperialista.

Após algumas tentativas de assassinato, no dia 20 de agosto de 1940, Esteban, que tinha apenas 14 anos de idade, relembra que ao voltar da escola, encontrou sua casa cheia de camaradas e policiais correndo de um lado para o outro. Seu avô, com o rosto coberto de sangue, suspirou e disse as últimas palavras: “Não deixe o garoto ver isso!”
“Fui testemunha da simplicidade de meu avô, de sua entrega total até o último momento de sua existência”, relembra. A casa onde tudo ocorreu, transformou-se no Museu Casa de Leon Trotsky.

E diante de uma platéia emocionada, que sequer piscava os olhos, atenta aos gestos e palavras de Esteban, finaliza a Conferência com um trecho do Testamento Político de Leon Trotsky:

“Nos quarenta e três anos de minha vida consciente, permaneci um revolucionário; durante quarenta e dois destes, combati sob a bandeira do marxismo. Se tivesse que recomeçar, procuraria evidentemente evitar este ou aquele erro, mas o curso principal de minha vida permaneceria imutável. Morro revolucionário proletário, marxista, partidário do materialismo dialético e, por conseqüência, ateu irredutível. Minha fé no futuro comunista da humanidade não é menos ardente; em verdade, ela é hoje mais firme do que o foi nos dias de minha juventude”.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Djavan




Discreto, simpático, autodidata e sereno. Adjetivos não faltam para descrever o convidado do mês de abril da Academia de Ideias em parceria com a Revista Bravo: Djavan Caetano Viana, ou simplesmente, Djavan.

A voz de Djavan já inspira musicalidade e suas composições, repletas de cores do dia-a-dia e elementos metafóricos marcam e marcarão para sempre a história da MPB.
Músico desde aos três anos de idade, Djavan fala com orgulho da forte influência de sua mãe que cantava em um coral no estado de Alagoas.

Sempre estudando e aperfeiçoando o dom de músico, aos 23 anos, Djavan arrisca a sorte no Rio de Janeiro como crooner. Nesta época Djavan ainda não era conhecido do grande público. Mas um telefonema de quem entende do assunto, Chico Buarque, fez toda a diferença em sua carreira. Djavan descreve com humor o que pensou, ou melhor, o que tinha a certeza: “Era trote, apesar da voz ser mesmo de Buarque”. Depois disso, uma grande parceria foi formada.

A música “ Meu bem Querer” foi a que revelou para o grande público e foi tema de novelas da TV Globo, como Coração Alado.

Responsável pela trilha sonora de várias novelas e de muitas pessoas que se identificam com suas músicas, Djavan diz que nunca seguiu modismos ou tendências. “Sempre obedeci ao meu coração e a minha cabeça. Eu trabalho visando diversão. Eu quero ser feliz com minha música”, afirma o cantor. Prova de sua independência foi a abertura de uma gravadora própria.

Outro assunto que entrou na pauta da Academia de Ideias foi como Política e Música se entrelaçam. Segundo o cantor, o artista pode por meio da música, se expressar melhor e direcionar caminhos. A Música Imposto retrata a visão de Djavan: “Pra quem vai tanto dinheiro?Vai pro homem que recolhe o imposto/ Pois o homem que recolhe o imposto./É o impostor”.

Djavan afirma também que o Ministério da Cultura só conseguiu visibilidade quando Gilberto Gil foi ministro. Foi polêmico ao dizer que música e cinema, embora precisem de subsídios, não deveriam ser a prioridade do Ministério, uma vez que o governo deveria priorizar o povo; uma maneira mais organizada e concreta de se ter acesso à arte.

Politizado e um dos maiores representantes da MPB, Djavan é sucinto ao dizer que “o Brasil é um caldeirão de cultura”, devido à sua diversidade, dinâmica e por cada região ter sua especificidade.

Depois de uma sólida e respeitada carreira, Djavan afirma: “ Eu tenho foco e não desisto nunca”.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cura: Penosa, mas possível



E numa discussão entre glóbulos brancos, quimioterapia e determinação, lágrimas e sorrisos, a cura, finalmente, tornou-se possível.

Lágrimas já foram derramadas, dores já foram sentidas, orações foram realizadas e uma batalha interminável contra o tempo para se chegar à vitória. No dia 21 de janeiro de 2011 a grande comemoração. Mais do que merecida. Andressa, 6anos, está curada. Um milagre? O desafio foi cumprido.

As linfocíticas se transformaram em bolhas de sabão. Disciplina, fé e força de vontade tornaram-se as palavras de ordem. A pequena, que se tornou grande, transformou-se em uma borboleta linda, ainda mais forte e com asas capazes de realizar grandes vôos.



Leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos) de origem, na maioria das vezes, não conhecida. Inicia-se na medula óssea e se espalha para outras partes do corpo. Por haver vários sub-tipos de leucócitos, consequentemente há diferentes tipos de leucemia. Divide-se em dois principais grupos de células brancas: as leucemias linfocíticas ou leucemias mielóides. Além disso, pode se apresentar de duas formas, a forma aguda ou a forma crônica. Isso depende da velocidade com que aparecem os sintomas e como ela evolui. Na forma aguda, as células são imaturas e não funcionam como deveriam, além de se reproduzirem muito rápido. Na forma crônica, as células são mais maduras e podem manter algumas das suas funções normais. O número de células malignas, neste último caso, aumenta vagarosamente. Este tipo de câncer é o câncer mais comum nas crianças, mas pode acometer adultos e velhos, também. Nos jovens, a forma mais comum é a leucemia linfocítica aguda, e nos adultos, a leucemia mielóide aguda seguida da leucemia linfocítica crônica.

Fonte: ABC Saúde

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tropa de Elite- Agora é Real


Não teve um brasileiro que não se sentiu vingado com a prisão de Elizeu Felício de Souza (Zeu), traficante e assassino do jornalista Tim Lopes. Eu me recordo, como se fosse hoje, o ano de sua morte, 2002, já que era comentário geral no meu primeiro dia de faculdade. Quase todos queríamos nos especializar em jornalismo investigativo. Era paixão na veia, um desejo intríseco de fazer a diferença e de fazer o bem por meio do jornalismo. Esse desejo, mesmo que introspectivo, permanece vivo em mim.

Com todo o bombardeio de notícias, nos canais abertos e fechados, rádios, jornais impressos e na Internet, a sensação que tive era de que a matéria estava sendo feita pelo mesmo jornalista, com a diferença, é claro, dos modelitos de seus coletes a prova de bala. Uns mais sensacionalistas, como é o caso do Datena (quem assiste ao Datena não sai de casa. Então, não assista), outros mais amendrontados e havia os profissionais que demonstravam mais segurança. O foco era o mesmo: Desdobramento das operações da guerra contra ao narcotráfico no Rio de Janeiro e a ocupação do Complexo do Alemão.
Cerca de 150 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), 30 fuzileiros navais com rostos pintados e seis carros blindados do tipo M113 do Corpo de Fuzileiros navais entravam na Vila Cruzeiro, na Penha, no início da tarde da última quinta-feira. A população estava amedrontada, os gritos e choros eram ouvidos em coro, os tiros cobriam o céu do Rio de Janeiro e o Mundo assistia ao Tropa de Elite. Um sinal?! A favela encontrava-se em Guerra.

Mas no meio de tanta informação, uma cena realmente me tocou: Quando o pai, Sr. Ivanildo Dias de Trindade, entrega seu filho Carlos Augusto às Forças de Segurança, afirmando: "Um dia ele ia ter que pagar. Agradeço por ele ainda estar vivo”. Quantos pais teriam essa consciência? Demonstrarem seu amor sem serem coniventes com o tráfico e sem abrirem mão de sua dignidade.

E tudo isso por quê? Por acreditarem na Paz, na Justiça e na Esperança de que dias melhores virão.

Mãe, meu anjo sem asas


Dizem que todos nós temos um anjo na Terra. Eu não tenho dúvida que o meu é minha mãe.
Com seu jeitinho esparafatoso e comunicativo, ela consegue conquistar uma multidão.
Se define como uma pessoa tímida, mas sua chegada nunca passa despercebida.
É amada pelos idosos e idolatrada pelos cãezinhos (O Lully que o diga)
É sensível aos problemas alheios (principalmente aos meus) e seu olhar aspira bondade.
É capaz de abrir mão de sua felicidade só para me ver sorrindo.
Vibra tanto com minhas vitórias que esquece de seu próprio mérito.
Passa noites acordada só para me ver sonhar.
Acredita tanto em mim, que o Universo se torna pequeno para os meus sonhos e objetivos.
Sorri quando sorrio, chora quando choro e mesmo quando estamos distantes nos sentimos próximas.
É um anjo (mesmo não tendo asas), é minha amiga, é minha irmã, é minha MÃE.

Ô mãezinha, obrigada por existir e por ser meu anjo aqui na Terra!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Alzheimer - Como se fosse a primeira Vez


Como vocês podem perceber, hoje não são 21 de setembro, Dia Mundial do Alzheimer. Mas um dia normal que me inspirou a escrever sobre a importância na divulgação dessa doença que causa perda progressiva de memória, alucinações e dificuldade de concentração.

Digo isso, por experiência própria (não, eu não tenho Alzheimer), mas já tive a honra de trabalhar com um número considerável de idosos que apresentavam Alzheimer no Canadá. As histórias eram as mais fascinantes possíveis.

O desafio de conquistá-los e de apresentar-me todos os dias como se fosse o primeiro era surpreendente. Se para uns causa impaciência e sensação de perda de tempo, para mim foi um privilégio a experiência de ouvi-los e cuidar de cada um como se fosse membro da minha família.

Encontrei-me com idosos de diferentes culturas, países, raças e religiões, mas com duas características em comum: Possuíam Alzheimer e encontravam-se alojados no mesmo asilo. A priori, tive uma sensação horrível “Como uma família tem coragem de deixar um parente no asilo”? Mas obtive a resposta no primeiro dia. Os asilos de Toronto são especiais e os nossos velhinhos são tratados com muito respeito e carinho. Quase todos os dias são uma “festa”. Na segunda tem o Bingo, na quarta o karaokê e na sexta os bailinhos. Por se tratar de um país multicultural, o asilo recebe idosos de vários países e em cada baile acontece um tema diferente (infelizmente não presenciei a festa brasileira, pois retornei antes para o Brasil). A chegada do verão também era motivo de alegria, pois tínhamos, pelo menos uma vez por semana, o famoso barbecue.

Não era sempre que eu conseguia convencer Mr. Fitzpatrick a comparecer nos Eventos. Mas confesso que o meu lado atriz me ajudava bastante. Com meus velhinhos, já dei gargalhadas, já chorei e já passei por cada apuro... Numa manhã de muita neve (o que não é novidade no Canadá) uma senhorinha, que não me recordo o nome, veio ao meu encontro aos prantos. Sem entender muito bem o que ela dizia, tentei acalmá-la. Ela dizia mais ou menos essas palavras: “Onde estão minhas filhas? Ele raptou minhas filhas? Me ajude!” Eu não compreendia direito quem era “ele”, mas aos pouquinhos ela foi se soltando e perguntei às enfermeiras um pouco de sua história. Nossa velhinha era judia e residia na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial sofrendo perseguições e humilhações. O “ele” era o Hitler e seu maior medo era que suas filhas fossem perseguidas pela tropa do nazismo. É impossível não emocionar-me quando relembro dessa história. O instinto que tive foi de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem – “Everything is gonna be alright.” (Ok, eu confesso que chorei muito também). Foi quando percebi que eu estava com o ser mais inofensivo em minha frente, que só precisava de carinho e segurança. No mesmo dia, tentamos entrar em contato com suas filhas que, por sua vez, foram na mesma semana visitá-la. Voltando para casa, meus pensamentos eram por inteiro da senhorinha e eu não podia esperar o amanhecer para reencontrá-la no trabalho. Assim que a vi perguntei: Como está a senhora? Com um sorriso desconfiado ela me voltou uma pergunta: “Who are you?”

Que doença é essa? Que faz com que você se esqueça dos acontecimentos atuais, mas torna o passado mais presente que nunca?
Essa doença é o Alzheimer e apesar dos 103 anos da sua descrição, pesquisadores e estudiosos ainda não descobriram a cura. Segundo dados da Universidade Regional de Blumenau, “a doença é responsável por 50% dos casos de demência na população idosa e ocorre em cerca de 4% a 5% da população após os 65 anos de idade, sendo que a incidência chega a 80% após os 90 anos”.



De acordo com informações da FURB, O Dia Mundial de Alzheimer foi criado em 21 de setembro de 1994, durante um Congresso Internacional em Edimburgo, na Escócia. Esta doença recebeu este nome em homenagem a Alois Alzheimer, um psiquiatra alemão, quem descreveu pela primeira vez, em 1906, os sintomas e as características neuropatológicas da doença de Alzheimer. Após a morte de uma paciente que apresentava perda progressiva da memória, dificuldades de concentração e alucinações, foi constatado depósitos de proteínas em seu cérebro, tanto em forma de placas, fora das células, como de emaranhados, dentro delas. De maneira simplista, apesar da seriedade da doença, os primeiros sintomas do Alzheimer são muitas vezes, errônemante, relacionados com o envelhecimento ou com o stresse, mas o mais notável é a perda de memória a curto prazo e desorientação de tempo e espaço. Na segunda fase, os pacientes apresentam dificuldades na linguagem ou na execução de movimentos. Na terceira fase ocorre a degeneração progressiva que dificulta a independência do paciente, além de manifestações como a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, agressividade e Incontinência urinária. Já na quarta fase, o paciente já está completamente dependente das pessoas que o cerca, pois sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se. Como a defesa do corpo está muito frágil, um fator externo pode causar a morte do paciente. Por isso precisam de acompanhamento médico e atenção e carinho dos familiares.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Liderança e Luther King



Nesse clima de eleições e controvérsias ao redor dos nossos candidatos, gostaria, sinceramente, de acreditar que colocaremos as pessoas certas no poder e que estas nos representarão e defenderão nossos interesses. Sendo assim, me veio a mente a história de Martin Luther King. Quem podia imaginar que ele se tornaria um dos maiores líderes e representantes de seu povo? Quando falo de Luther King me vem a memória alguns de seus apoiadores como Nelson Mandela e Barack Obama. Não por serem negros, mas por terem uma personalidade forte e por terem marcado uma história em prol de seu povo.

E pensar que tudo começou assim:

“Em 1955, Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar em um ônibus para uma mulher branca e foi presa”. Luther King, como presidente da Associação de Melhoramento de Montgomery, organizou um boicote ao transporte da cidade como forma de protesto a um ato discriminatório. Nesse período, Luther King sofreu muitas ameaças e viu sua casa ser bombardeada.

De formação protestante, Martin Luther King fundou e coordenou a Conferência da Liderança Cristã no Sul (SCLC), que objetivava acabar com as leis de segregação por meio de manifestações e boicotes pacíficos. Buscando o protesto pacífico, Luther King foi à India para aperfeiçoar-se nos ideais de Gandhi ( já mencionado em nosso blog no texto anterior).

Com esse experiência, liderou várias manifestações nos Estados Unidos, como a A Marcha para Washington, que superou a marca de 200.000 pessoas com princípios do protesto não-violento.
Preso inúmeras vezes, Luther King tornou o discurso “ I have a dream” conhecido no mundo, em uma passeata em Washington, sendo premiado em 1965 com o Prêmio Nobel da Paz.

Mas a maior vitória foi, com certeza, a aprovação da Lei dos Direitos de Voto de 1965 que permitiu o direito ao voto à população negra.

"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, ... dos sem-ética. . . o que mais preocupa é o silêncio dos bons". Martin Luther King

Que seus ensinamentos sirvam para refletirmos sobre essas eleições. Uma boa eleição a todos!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Picadeiro foi Montado!



No último dia 03 de outubro brasileiros foram “exercer a democracia” por meio do voto. Quase 25 milhões de pessoas deixaram de ir às urnas. Para completar a situação, o palhaço Tiririca foi eleito o deputado mais votado do Brasil nessas eleições, atingindo 1.353.820 votos com o slogan “vote no Tiririca, pior do que está não fica”. Ainda é uma incógnita a justificativa para tal vitória. Uns acreditam que seja um voto de protesto, outros defendem a estratégia política e há outros que afirmam um deboche a democracia. De qualaquer maneira deveria haver critérios que fossem seguidos para evitar esse tipo de banalização. Ocorreu ponto fora da curva eleitoral histórica e uma ameaça à inteligencia humana.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Gandhi



Parafraseando Milan Kundera “ A verdadeira bondade do homem só pode manifestar-se em toda a sua pureza e em toda a sua liberdade com aqueles que não representam força nenhuma”. Mas como falar ou definir bondade sem transportarmos para o ano de 1869? Ano em que o mundo ganhava o maior líder espiritual e pacifista indiano: Mohandas Karamchand Ghandi, defensor do Satyagraha (Satya: verdade; e agraha: firmeza).
Devotou a sua vida à causa da Independência indiana e a encaminhou política e religiosamente em perfeita harmonia com a Tradição de seu povo.

Que bom seria se as pessoas entendessem e seguissem seus pensamentos, com um toque de sabedoria, luz, discernimento e amor em suas atividades. Gandhi conseguiu ser fiel aos seus príncipios sem perder a esperança. Com sua força liderou movimentos pacifistas e inspirou outros povos coloniais a trabalhar pelas suas próprias independências. Devido à sua simplicidade, Gandhi tornou-se admirado, fez com que a India se tornasse conhecida e o hinduismo respeitado.

Certa vez, Albert Einstein afirmou que as próximas gerações teriam dificuldades em acreditar que, um homem como Gandhi existiu e caminhou sobre a Terra.

Eu prefiro acreditar que, assim como Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Martin McLuther King, Chico Xavier e tantas outras personalidades tão marcantes na nossa história, ainda ficaremos surpresos com a capacidade do ser humano de ser bom.

" Consciente ou inconscientemente, cada um de nós presta um ou outro serviço. Se nós cultivamos o hábito de fazer este serviço deliberadamente, nosso desejo de servir crescerá gradualmente e faremos não apenas nossa própria felicidade, mas da sociedade em geral."(Mahatma Gandhi)

Descendente de Brahmanes, Ghandi casou-se aos 14 anos com sua prima Kasturba Gandhi. Apesar dos regulamentos de sua casta, Gandhi fora para a Inglaterra para graduar-se em Direito. Mas após o falecimento de sua mãe decidiu ir para África representando uma firma hindu em KwaZulu-Natal. Essa experiencia possibilitou a Ghandi uma consciencia social. Ao retornar para a India em 1914 iniciou sua luta pela independência da dominação britânica. Com isso, Ghandi conseguiu reavivar na mente dos indianos dois ensinamentos: A-HIMSA – Não violência ou “Persistência pela Verdade” e SATIAGRAHA – Viver em santidade.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Presidente da Bolsa de Valores de New York acredita que o Brasil será a grande potência em cinco anos



A Fundação Dom Cabral sediou entre os dias 15 a 17 de agosto a Conferência EFMD (European Foundation for Management Development) e o International Advisory Council para discutirem o desenvolvimento sustentável entre iniciativa privada, governo e instituições de ensino. O Evento contou com a participação de representantes renomados no “ Business Universe”, como a do presidente da Bolsa de Valores de New York Duncan Niederauer.

Demonstrando simpatia, expertise e segurança em tudo que dizia, Niederauer afirmou em nossa entrevista que o Brasil passou pela crise mundial com muita rapidez e sucesso e diz que as previsões de crescimento para o país em 2010 são de 5%, duas vezes maiores que os Estados Unidos.

É interessante salientar que Dados do Economist Intelligence Unit indicam que o Brasil já encontra-se na oitava posição do ranking econômico mundial, após oscilações e crises mundiais. O Produto Interno Bruto brasileiro fechou o ano passado em US$ 1,531 trilhão e possibilitou que a economia brasileira voltasse para a posição que não ocupava desde 1998.

Ao questionar Duncan Niederauer qual país se tornaria a grande potência em cinco anos, Mr. Niederauer aposta em várias opções, inclusive no Brasil. “O Brasil terá grandes oportunidades nos próximos quatro anos, devido a Copa do Mundo e Olimpíadas, que permitirão o reconhecimento internacional do Brasil”, afirma.

OBS: Gostaria de agradecer ao professor Carlos Arruda e aos agentes do FBI que possibilitaram e autorizaram a entrevista para o meu Mestrado.

Ô Canada! Terre de nos aïeux



Certa vez uma criança definiu Neve como flocos de algodão gelados. Essa foi exatamente a sensação que tive a primeira vez que pisei em solo canadense.

Mas o que será que torna esse país tão fascinante?

Um país onde culturas, sonhos, objetivos, etnias, línguas e personalidades se entrelaçam e se respeitam.
Um país em que leis são cumpridas, imigrantes são respeitados, trabalhadores são valorizados e objetivos são concretizados.
Um país que desperta sensações como medo, calafrio, indepedência, liberdade e autonomia.
Um país onde turistas optam por alojar-se definitivamente em seu território. E outros retornam ao país de origem, com suas frustrações, sonhos realizados e experiências que ficarão para sempre na memória daqueles que se permitiram viajar de corpo e alma nesse lugar das “Oportunidades e do Multiculturalismo”, nesse lugar chamado Canadá.

OBS: A criança no início do texto era a autora desse blog aos três anos de idade.

O Canadá é o segundo maior do mundo em extensão territorial numa área de 9.984.670 quilômetros quadrados. Boa parte desse território é localizado em regiões árticas e cerca de metade do país encontra-se coberto por florestas boreais. Sua população supera a 31,6 milhões de habitantes e as cidades mais populosas são Toronto com 6,4 milhões, Montreal com 3,6 milhões, Vancouver com 2,2 milhões, Ottawa com 1,1 milhão, Calgary com 1 milhão, Edmonton com 1 milhão e Quebec com 680 mil. A imigração é também responsável por grande parte do crescimento populacional do Canadá, e o país já possui a segunda maior taxa de imigração per capita do mundo, superado apenas pelos Emirados Árabes Unidos. Sua economia é 11ª do mundo e seu Indice de Desenvolvimento Humano é a terceiro melhor do planeta.

sábado, 21 de agosto de 2010

Wilson Sideral, Música e "Meu Pequeno Atleticano"


O mineiro, cantor, instrumentalista, compositor e torcedor do atlético Wilson Sideral lança o livro “Meu Pequeno Atleticano”, na Bienal do livro em Belo Horizonte. Segundo Sideral , o livro surgiu por meio de uma indicação do vocalista da banda Engenheiros do Hawaii, Humberto Gessinger, à Editora Belas Letras devido a sua paixão e identificação pelo time mineiro. “Eu tenho uma história de muito carinho e muita paixão com o Galo. Por várias vezes tive o prazer de ter o meu nome citado ou convidado como representante dos músicos de Minas Gerais que são torcedores. Fui premiado uma vez, talvez com a maior honraria que é o “Galo de Prata”, afirma.

Em “Meu Pequeno Atleticano”, Wilson Sideral utiliza como protagonista seu filho, Igor, para contar de maneira lúdica e mágica, como o próprio cantor define, a história do Atlético, conquistas do time, utilizando como cenário, a primeira vez em que ele levou o filho para assistir a um jogo do Atlético no Mineirão. “É algo novo. Eu sou escritor, mas escritor de letra de música, que é um outro jeito de contar história. O livro abriu uma nova chance para eu usar esse meu dom de escrever para um outro filão”.

Além do livro, Sideral também segue com outros trabalhos como a turnê “ Dias Claros” e já está se preparando para gravar o primeiro DVD ao Vivo, em comemoração aos dez anos de carreira desde o lançamento do primeiro CD em 1999 pela gravadora Universal Music, Na Paz(2001), Lançado ao Mar ( 2004) e Dias Claros (2007).

Influenciado pelo rock brasileiro da década de 80, Wilson Sideral acredita também na peculiaridade da música mineira. “Minas Gerais tem esse diferencial- pluralidade, variedade e harmonia”.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Segunda Guerra Mundial na URSS


Em fevereiro de 2006 encontrei-me com Gluma, uma senhora russa que, com seus olhos já cansados, mãos trêmulas, com um sorriso meio tímido e numa sala lúgubre, disponibilizou seu tempo a contar-me sobre a Segunda Guerra Mundial na então União Soviética. Aquelas imagens, mesmo que imaginárias, não saíram mais da minha mente. Nunca mais.

Cada linha escrita aqui, procura emocionar e instigar o pensamento alheio, no instante mesmo em que foi redigida.

Ano de 1939- Inicia-se a maior catástrofe realizada pelo homem, conhecida como a Segunda Guerra Mundial. Mais de setenta nações envolvidas, 50 milhões de mortos e quase trinta milhões de mutilados.

Muitos historiadores acreditam que a principal causa diplomática teve sua origem no Tratado de Versalhes que determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a Primeira Guerra Mundial e assinado entre a Tríplice Entente (Estados Unidos, Inglaterra, França e URSS ) e a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália). A Alemanha se viu despojada ao ceder à Polônia uma faixa de território que lhe dava acesso ao Mar Báltimo.Outros fatores também foram culminantes para a revolta alemã. A cidade de Danzig tornou-se controle da Liga das Nações, o território do Sarre, rico em carvão, foi cedido à França por um período de 15 anos. O Império Austro-Húngaro foi desmembrado pelo tratado de Paz de St. Germain-en-Laye, além de ser obrigada a reconhecer a Independência da Hungria, Iugoslávia Techcoslováquia e Polônia. A Alemanha também foi proibida de possuir um exército superior a 100 mil homens, de desenvolver projetos bélicos e sua divida superava a 260 bilhões de marcos-ouro.

Nesse cenário o mundo conheceu o ditador e nazista Adolf Hitler, cuja especialidade era atacar tudo que considerasse empecilho em seu caminho. Para isso, atacou cidades, indústrias, invadiu casas de inocentes, criou campos de concentração e tentou extinguir raças que considerasse inferiores, como os judeus. Para facilitar seu esquema de distinção e identificação, aplicou às roupas dos prisioneiros triângulos invertidos e coloridos. O amarelo servia para os judeus, o verde para criminosos, o vermelho para dissidentes políticos, o roxo para os que negavam a apoiar o nazismo, o azul para imigrantes, o castanho para ciganos, o rosa para homossexuais do sexo masculino e o preto para lésbicas, alcoólatras, deficientes, feministas e grevistas. “O primeiro quesito essencial para o sucesso é o emprego eternamente constante e regular da violência”.(HITLER apud ALOISIO, p.77).

Para a russa Gluma a guerra havia começado quando sua janela fora trincada. Até então, ninguém compreendia o que acontecia naquele país. Mas uma nuvem negra da guerra se alastrava pela Europa.

Segundo o escritor Nicholas Bethell a proclamação de invasão na União Soviética liderada por Hitler foi realizada pelo Ministro de Propaganda Joseph Goebbels na rádio.

A URSS encontrava-se no inverno rigoroso, a fome alastrava o país, muitas pessoas precisavam se separar de suas famílias. Muitos se amontoavam nas estações de trens, fugiam, eram cruelmente assassinados, suicidavam, mas havia também os que lutavam.
Como a vida econômica não podia parar, os soviéticos passaram a construir fábricas de forma a serem facilmente desmontáveis e conduzidas às regiões distantes do alcance da aviação invasora. Mas isso não evitou a catástrofe.

Engenheiros alemães já estudavam e faziam construções para facilitar o trabalho dos seus soldados. A exemplo disso foi construída a ponte que passava pelo Rio Berezina.
Varias operações também foram realizadas contra o governo soviético. Uma das mais conhecidas foi a Operação Barbarossa que ficou conhecida como uma operação militar alemã para invadir a União Soviética. O principal objetivo da Operação era uma rápida tomada da parte euroupéia da URSS a oeste da linha que liga as cidades de Arkhangelsk e Astrakhan.

Segundo historiadores Adolf Hitler rompeu com vários acordos durante a Guerra. A Primeira Guerra Mundial foi considerada a “última guerra romântica”, já que os nazistas invadiam os soldados e inocentes desprevinidos. “ Eu nao espero que os generais entendam-me, mas espero que eles obedeçam minhas ordens”. ( HITLER apud BETHELL, p. 26)

O então líder da URSS, Joseph Stálin, de caráter duvidoso, precisou aliar-se com Reino Unido, França e EUA. Em 30 de julho de 1941, Joseph Stálin recebeu a primeira mensagem enviada por Franklin Roosevelt. O então presidente norte-americano e o líder soviético trocaram 304 cartas ao longo da Segunda Guerra Mundial, até a morte de Roosevelt, em abril de 1945. Nas cartas negociavam as operações de ajuda do Ocidente aos soviéticos; a invasão ao Japão, o fim do nazismo e a proposta de Roosevelt de criação das Nações Unidas.

Em 1945 a “Guerra era apaziguada”, com a criação da ONU. Não há registros definitivos sobre o número de vítimas, mas os números giram em cerca de 25 milhões. Muitos estudiosos acreditam que Stalin fez olhar os números "inferiores" – Outros defendem que a União Soviética perdeu 10% de sua população total. E há os que afirmam que Stalin usou essas perdas como uma ferramenta de propaganda para permitir que os soviéticos pudessem expandir seu império sobre a Polônia, Hungria, Bulgária.

Muitos de seus habitantes, aflitos e desalojados, fugiram para outros países em busca de tranqüilidade e paz, como foi o caso de Gluma, que havia perdido seu marido para a Guerra. Atualmente Gluma reside no Canadá com seus filhos e netos. Ao ser questionada se pretende voltar ao país de origem, diz que ficará apenas na lembrança.

"Hitler já colocou o planeta inteiro contra a Alemanha. A chamada 'raça superior' tornou-se alvo do ódio geral."STALIN, Editora Abril, Fevereiro de 1945

terça-feira, 11 de maio de 2010

Música, Literatura e Adriana Calcanhotto



Esbanjando delicadeza, sonoridade e boa música, Adriana Calcanhotto empresta suas composições e sua voz aos ouvidos brasileiros.

Mas não podia ser diferente. Filha de artistas, aos seis anos de idade, a gaúcha ganha o primeiro violão de sua avó. Mas engana-se quem pensa que o primeiro contato tenha sido apaixonante. Segundo a própria cantora, as primeiras aulas eram entediantes. Após algumas aulas e contato com diferentes tipos de músicas, dança, poetas e autores ligados ao Mar, Adriana se rendeu aos encantos da voz e violão.

Em princípio, a gravadora pretendia titulá-la como uma cantora romântica, ou para ser mais exata, transformá-la no “Roberto Carlos de saia”. Calcanhotto relembra com humor e descontração ao contar para a cantora Maria Bethânia que brinca. “ Mas você não usa saias!”

Intérprete da Música Popular Brasileira, Adriana adverte sobre o cuidado na escolha do repertório. “ É preciso prestar atenção se àquela música gosta tanto de você , quanto você gosta dela.”

Entre risos e serenidade, a também compositora acredita que cada canção nasce de um jeito. “Eu acho importante não criar uma situação para compor. O processo de composição é um acidente”. Adepta do sistema americano, Adriana prefere fazer suas composições sozinha e depois enviá-las aos parceiros de trabalho. A cantora relembra uma história cômica, quando foi convidada pela Marisa Monte para comporem em parceria com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Calcanhotto diz que ficou “travada” nesse processo de composição em grupo e que só conseguia admirar o trabalho do trio.

Dentre os diversos trabalhos realizados no decorrer de sua carreira, além das composições, encontram-se dez discos, três livros ( O Poeta Aprendiz, Algumas letras, realizados em 2003 e Saga lusa - o relato de uma viagem, feito em 2008, em que a cantora relata os dias e noites que passou acordada e doente, devido a uma forte gripe e a uma mistura de medicamentos).

Calcanhotto também fala com orgulho do Espetáculo “Qualquer coisa de intermédio”, em que prestigia o universo cultural português interpretando obras de Fernando Pessoa, Luís de Camões, Arnaut Daniel, Amália Rodrigues e Carmem Miranda, encomendado pela fundação Gulbenkian de Paris.

Mas é impossível falar de sua carreira, sem se render a doçura e ao encanto de Partimpim, lançado em 2004 e destinado principalmente para as crianças. Adriana descreve que sempre admirou a generosidade de artistas como Toquinho, Vinicius de Moraes e Chico Buarque fazerem músicas com o mesmo padrão de qualidade que fazem para adultos. A cantora acredita que as pessoas subestimam o gosto da criança e que separam música infantil da dos adultos. “ Música infantil é uma invenção dos adultos. É o que os adultos imaginam que as crianças querem ouvir”, afirma. Segundo Adriana, o princípio do Partimpim, diferente do que ela pensava, não foi muito reconhecido, pois diziam ” Você não pode gravar um CD, pois você não tem um programa na TV”. O sucesso de Partimpim só constata o contrário dessa afirmação, já que a artista já está no seu terceiro trabalho.

Ao ser questionada qual seria seu sonho, Adriana Calcanhotto ou Adriana Partimpim se diz realizada. “ Meu sonho hoje em dia é continuar, que é um grande privilégio, viver fazendo o que eu gosto, fazer música, cantando para crianças, cantando para pessoas”, conclui.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Artistas expressam opiniões sobre Imprensa



Com a ascensão do “gossip news “, muitos jornais e redes de TV deram espaço ao sensacionalismo abolindo o espírito investigativo, denunciante, “imparcial”, ético, inteligente e social que o jornalismo pode e deve proporcionar.

Muitos telespectadores e leitores confundem jornalismo sério de entretenimento barato e sensacionalista. O que muitos meios de comunicação fazem, sem querer generalizar, é banalizar o jornalismo.

Artistas esclarecem e expressam em nosso blog suas opiniões sobre Imprensa, especialmente quando se trata de suas Imagens.

José Wilker- “Eu não me reconheço em geral nas entrevistas que leio. Eu acho que muitas vezes, a grande imprensa já vem com a matéria pronta e não importa o que você responda, eles vão arrancar de você essa matéria. Eu dou um certo valor às palavras que depois, quando as vejo colocadas na revista ou jornal, não parecem minhas”.

Maitê Proença-“Houve um tipo de imprensa que cresceu muito e há uma demanda para isso. Há nos jornais uma miscelânea muito grande. Acho também que existem pessoas que ganham muito mal, que querem dar furos inacreditáveis e que não pesquisam o suficiente para falaram”.

Ney Latorraca- “Eu tenho a maior facilidade em lidar com a imprensa. Acho que deveria ter nas Escolas de Arte essa matéria; de como lidar com a imprensa”.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

IDEOLOGIA X PRÁTICA JORNALÍSTICA


A Cobertura da Mídia Impressa Americana nos cenários da Revolução Cubana


Entre 1957 até 1961, as notícias de jornais americanos, como o The New York Times geraram diferentes pontos de vista e com uma carga ideológica perceptível, principalmente a assuntos relacionados à Revolução Cubana e a figura de Fidel Castro.

Esse conflito pode ser evidenciado nos artigos feitos por Herbert Matthews e Hart Phillips ou Tad Szulc. Enquanto Matthews defendia Castro por acreditar estar cumprindo seu papel como jornalista, Tad Szulc além de ser contrário à Revolução e ao Fidel, era favorável à ideologia norte-americana, e conseqüentemente, obedecia e seguia a linha editorial do jornal.

Esse fato pode ser comprovado na manchete realizada no dia 02 de agosto de 1960. "Red Influence growing in Cuba behind Facade of the Revolution", Tad Szulc.

O jornalista Herbert Matthews distinguindo-se de seu companheiro de trabalho publicou a seguinte manchete no dia 04 de janeiro de 1959: " Cuba: First step to a new era"
Segundo Anthony de Palma, no livro "O Homem que inventou Fidel”, afirma que Matthews, o primeiro jornalista a entrevistar Fidel Castro, foi acusado de comunista, inocente, e traidor da pátria, devido às suas matérias.

A linha editorial do jornal, com maior retorno financeiro e credibilidade do mundo ocidental, segue uma ideologia sempre atrelada ao governo norte americano, que nunca ocultou seu desgosto pelo triunfo da Revolução e, promoveu e financiou movimentos e campanhas anti-revolucionárias por meio da mídia, com o objetivo de divulgar informações e manusear a opinião pública, desestabilizando a economia cubana e isolando-a do resto da comunidade internacional.

Os donos do "The New York Times", desde 1896, são membros de uma família tradicional e alemã, Ochs. A família implantou sua visão do que deveria ser o jornalismo e o implantou como uma bíblia para a opinião pública americana, com uma visão da realidade indiscutivelmente aceita por seus leitores.

Dentro do contexto dos estudos sobre os efeitos dos meios de comunicação na sociedade, percebe-se que a instituição Times, através da agenda-setting, sempre compreendeu e utilizou dessa hipótese. O jornal é apresentado como agente modificador da realidade social, apontando para o público, a seleção dos temas a serem discutidos e sobre o que se deve estar informado ou não.

Se houvesse qualquer possibilidade que um repórter tendesse para uma visão política não compatível com o Times, especialmente comunista, esse era investigado minuciosamente. Isso retira a autonomia do jornalista e o impede de exercer seu trabalho com ética e objetividade.

"Se houvesse o rumor de que um repórter do Times tendia para a esquerda, suas matérias eram lidas e relidas com vigilância pelos editores" (Talese, , 2000, p44)

Murais de Protesto durante a II Guerra Mundial na URSS


A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe conseqüências devastadoras e catastróficas no mundo. A sublevação provocou a morte de aproximadamente 46 milhões de pessoas, morte de animais, miséria, fome, frio, falta de saneamento básico, desalojamento, além de perdas materiais como cidades, ferrovias, portos e pontes arruinadas.
A guerra intensificou o desenvolvimento da indústria bélica, da publicidade e também manifestações por meio de murais e pôsteres.
Quatro dias após a invasão da Alemanha na União Soviética, o artista Mikhail Cheremnykh chegou à Agencia de Telégrafo da União Soviética , TASS, com a caricatura de um soldado alemão, realizado em forma de pôster. O trabalho de Cheremnykh foi o primeiro de uma série de pôsteres de guerra realizados na URSS. Victor Deni, Dmitri Moor, Irakli Toidze, V S Ivanov, A A Kokorekin, B V Koretsky e outros também trouxeram importantes contribuições no campo da arte.

TV e Ney Latorraca


Considerado pela crítica como um dos melhores comediantes e atores da TV Brasileira, Antonio Ney Latorraca retorna a Minas Gerais, estado responsável por parte de sua formação.
Formado em Artes Dramáticas pela USP, Ney Latorraca iniciou sua carreira aos seis anos de idade, participando de radionovelas na Rádio Record.
Em 1975 entrou para a TV e no ano de 1991, o Brasil assistia ao sucesso de Vamp, em que Ney interpretava Vlad. Segundo o próprio artista, ele havia sido convidado a participar de apenas nove capítulos, mas devido ao sucesso de “Gotoso”, ele permaneceu até o fim da novela, decolando de vez sua carreira artística.
Latorraca define arte como sua grande amante e acredita que o primeiro público do ator é a própria equipe.
Aspectos políticos também estão presentes na vida de Ney, mesmo que de uma maneira mais introspectiva. “ Política e Arte não se entrelaçam, mas o artista tem que ser engajado”,
Dentre as virtudes caracterizadas pelo próprio ator, estão generosidade e senso de humor. “ Se você traz alegrias, já valeu a pena”, conclui.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Jornalismo e Mônica Waldvogel


Há entrevistas e personalidades que realmente nos impressionam. Como jornalista, confesso que essa gravação intensificou meu gosto pelo jornalismo.

Com uma bagagem de 27 anos de profissão, a jornalista Mônica Waldvogel agrega valores indispensáveis como ética, profissionalismo, carisma, objetividade, imparcialidade e credibilidade.

Mônica foi apresentada ao jornalismo por volta dos 12 anos, quando sua prima decidiu prestar vestibular para Jornalismo. Ao perguntar o que era jornalismo, sua prima respondeu “Jornalista é alguém que vai aos lugares onde as coisas acontecem”. Essa frase teve um impacto tão forte em sua vida que, Mônica graduou-se em Comunicação Social pela USP em 1980 e desde 1982 trabalha na TV.

Waldvogel já atuou nas três maiores emissoras do país- Globo, SBT e Record. Atualmente, apresenta os programas Entre Aspas e Saia Justa, ambos da Globo Sat. Mônica foi a idealizadora e responsável pelo conteúdo editorial do Saia Justa, um programa inspirado no “Manhattan Connection”, mas só com mulheres. O objetivo do programa não era apresentar às mulheres a fórmula da felicidade, mas mostrar seus conflitos, distinguindo-se dos programas de auto-ajuda. Já no Entre Aspas, Mônica comanda um debate, ao vivo, entre dois convidados que conversam sobre temas da atualidade.

Mônica também é reconhecida pelas diferentes editorias que atua, como política, economia e cultura. A jornalista além de ser testemunha de fatos históricos no Brasil, como a promulgação da Constituinte, mudanças de moeda, passagem de vários ministros da Fazenda e Presidentes, dentre outros, também realizou reportagens marcantes, pois para Mônica Waldvogel, reportagem é a nobreza do jornalismo

quarta-feira, 24 de março de 2010

José Wilker ministra palestra sobre Cinema e TV Brasileira


Ator de Tiradentes, no filme Os Inconfidentes, Vadinho em D.Flor e seus dois Maridos, Roque em Roque Santeiro, Giovanni Improtta em Senhora do Destino, Demóstenes em Fera Ferida, e tantas outras novelas e filmes, José Wilker coloca a TV Brasileira em pauta no Academia de Ideias. Wilker acredita que a TV é um paradoxo, já que por ser uma concessão pública, não deveria visar o lucro.

É interessante ressaltar que o também diretor José Wilker estreou sua carreira artística no ano de 1965, com o filme A falecida. Sua participação nas telenovelas ocorreu em 1973, em Bandeira 2, de Dias Gomes, na TV Globo. Entre 1997 e 2002, dirigiu parte dos episódios do Sai de Baixo.Da década de 60 para o ano de 2010, mudanças ocorreram no campo da arte. “No Brasil separou-se cultura de educação. Isso é um crime”, afirma Wilker.

Segundo o ator a TV não é algo que as pessoas vejam, apenas olham, distinguindo- se do cinema , livro e teatro que requerem concentração.Com toda simpatia, carisma e objetividade, o cearense José Wilker é sucesso de audiência, devido aos trabalhos que realiza no Teatro, Cinema, Minisséries e Novelas, além dos comentários de filmes e da transmissão da premiação do Oscar.

O Casseta e Planeta Marcelo Madureira


Conhecido por trabalhos como o Coisinha de Jesus, integrante da Banda Casseta e Planeta, apresentação no quadro Armazem 41 e da coluna Agamenon em pareceria com Hubert, Marcelo Madureira se define como um ator modesto.


Madureira descreve que antes de ser humorista, tinha como projeto de vida ser presidente do BNDS, já que tem formação em engenharia. “ Eu não decidi ser ator, a vida decidiu por mim”. Marcelo conta que fazer humor sempre foi um hobby.


Dentre seus trabalhos marcantes está a gravação realizada na Antártica junto com o grupo Casseta. Segundo o ator estar no ponto extremo da Terra foi uma experiência inesquecível.
Um traço perceptível na personalidade de Madureira é sua intelectualidade. Marcelo possui uma biblioteca em sua casa com aproximadamente 10 mil volumes, sendo que seu autor preferido é Monteiro Lobato. O humorista já leu e releu várias obras do escritor, em especial Urupês e acredita na conscientização e importância da leitura.”O mundo é de quem lê”, afirma.


Dentre os projetos profissionais de Madureira estão participações em filmes, a volta do Sem Controle, além de aperfeiçoar-se cada vez mais no Programa Casseta e Planeta. Marcelo finaliza a entrevista com o propósito-“ Ter filhos, escrever um livro e plantar uma árvore”.

Humor e Paulo Silvino



Descreve como o início de sua carreira assim que nasceu, ano de 1939, já que fora influenciado por seus pais que também eram artistas.
Cantor, ator, humorista e comediante, Paulo Silvino relembra com carinho e orgulho sua trajetória artística.
Para Silvino ser artista é um dom. O individuo pode até aprimorar com o tempo, mas aula de arte é destinado a artista. “ Nada pode ser ensinado àquilo que não tenha dom”, afirma.
No ano de 1966 Paulo Silvino entra para a Rede Globo, onde ganhou prêmios de melhor humorista como Gato de Ouro e prêmio do Chacrinha.
Segundo o artista, a pior fase que o Brasil vivenciava, a Ditadura Militar, fez com que se houvesse censura. “ O artista tinha que fazer um humor mais inteligente”, afirma. Com a queda da censura, o palavrão se tornou o sistema de ordem. “ Hoje não precisa ser artista para fazer TV. Só percebe que é bom ator, quando o joga ao vivo, no teatro”.
Silvino acredita que deveria haver um critério melhor para ser artista. Há 10 anos no Zorra Total, o personagem Severino arranca gargalhadas de milhares de telespectadores e se diz preparado para atuar e cantar em qualquer situação. “ Arte é minha vida”, conclui.

Música e Marina Lima


Aos 30 anos de profissão, a cantora e compositora Marina Lima iniciou sua carreira aos 18 anos, no ano de 1979. Influenciada pela Bossa Nova, Beatles e pela Música Negra Americana, Marina acredita que a música representa sua forma de expressão mais forte e visceral artística. “ A musica é anterior a palavra. A primeira formação foi musical. Reza um mito que as musas cantavam e alegravam a vida dos deuses. Uma grande cantora pode hipnotizar uma multidão,” define.
Conhecida também por sua sensibilidade musical, Marina Lima afirma que sua inspiração é resultado de muito trabalho, estudo, leitura, além da aptidão. “ Inspiração são grandes percepções”.
Apesar da formação eclética, Marina Lima afirma que a MPB é repleta de misturas e riquezas intrínsecas no povo brasileiro.
Para o ano de 2010, a cantora pretende firmar parcerias com diferentes aristas, novas composições e um livro que abordará temas diversificados, titulado como “Marina entre as coisas”.

Revolução Russa


Um documento de Karl Marx requeria duas revoluções distintas e consecutivas, uma de caráter burguês e outra de caráter socialista. A maioria dos sovietes acreditava nessa afirmação marxista compartilhada pelo Governo Provisório e por alguns bolcheviques. Com o regresso de Lênin a Petrogrado, ele caracterizou a Revolução de Fevereiro como uma sublevação em transição.Segundo John Reed, no livro Os Dez Dias que abalaram o Mundo, a partir de março de 1917, as massas de soldados, operários e camponeses passaram a assumir o destino da revolução, após a tomada de diversos soldados e operários no palácio Táurida. Os Bolcheviques ainda eram um número reduzido e a opinião pública se voltou contra eles.

De acordo com Reed, nos primeiros quatro meses de Revolução, a maioria da classe proprietária preferia os alemães à revolução. Mas o confronto entre os sovietes e o governo e entre a classe média e o proletariado estava quase em seu ápice. Segundo o autor, a Rússia, antes da Revolução de Outubro, deu um salto da Idade Média para o século X:


"Quanta vitalidade demonstrou a Revolução Russa, mesmo após tantos meses de miséria e desilusões. A burguesia deveria conhecer melhor sua Rússia. Para esse povo, a “doença” da revolução ainda demorará muito a morrer. Olhando para trás, a Rússia de antes da insurreição de novembro parecia viver em outra época, inacreditavelmente conservadora "(REED, 2002, p.84).


Setembro e outubro foram caracterizados por Reed como os piores meses do ano. Segundo ele, a Era do Governo Provisório foi marcada por uma terrível gestão da administração municipal. A iluminação era um caos, houve um aumento drástico de assaltos e roubos, a ração diária do pão reduziu-se de 750 para 150 gramas, houve redução do leite para alimentar as crianças, além de muita miséria no país. O povo russo se adaptara a essa situação.


"A vida convencional e frívola da cidade seguia seu curso, ignorando a revolução tanto quanto podia. Os poetas faziam versos- mas não sobre a revolução. Os pintores realistas pintavam cenas da Rússia medieval- tudo, menos a revolução."(REED, 2002. p.87)


Devido ao declínio da autoridade do Governo Provisório e a influência dos Bolcheviques, autoridades decidiram agir contra eles em julho de 1917. Diversos combatentes políticos foram presos e Lênin se refugiou na Finlândia. Apesar disso, ele continuou mantendo contato com o Comitê Central do Partido, por meio de cartas e panfletos.Segundo Lênin, o Estado até então era uma instituição de pressão e declínio.


“Enquanto o Estado existir, não há liberdade. Quando existir a liberdade, não haverá Estado”(LENIN apud CARR, 1979, p.14).


Em meados de setembro, a Rússia estava dividida. De um lado estava Kerênki, que havia se tornado o líder do Governo Provisório, com restrita autoridade, e do outro lado estavam os Bolcheviques, que já haviam conseguido a maioria dos sovietes de Petrogrado e Moscou. Eles controlavam os Guardas Vermelhos e manifestavam a Palavra de Ordem “Todo poder aos sovietes”. Mesmo exilado, Lênin já se preocupava em dar início a uma segunda Revolução. Em outubro Lênin voltou disfarçado a Petrogrado para se encontrar com os membros do Partido.Os Comissários do Comitê Militar Revolucionário reuniram-se com a guarnição de Petrogrado para eleger o Comitê dos Cinco, Estado- Maior de Combate, três soldados e dois oficiais revolucionários. Foram formados grupos de marinheiros, soldados, guardas vermelhos que se juntaram a eles.Segundo Reed (2002), no dia 25 de outubro, ou sete de novembro pelo calendário ocidental, sob o comando de Trotski, a Guarda Vermelha, composta por trabalhadores, dirigiu-se ao Palácio do Inverno. De todos os lados apareciam trabalhadores dispostos a lutar, e os comissários lhes atribuíam postos de combate e outras ocupações. Mesmo sem muita experiência, eles atiravam nos cossacos, derrubando-os dos cavalos. O exército do proletariado avançou até Tsarskoye, antes que o inimigo destruísse a estação telegráfica, local onde os comissários do Smolni repassavam as notícias. O Governo Provisório, liderado por Kerênski, não tinha tropas regulares e contava com apenas dois mil cadetes sem experiência. Os Guardas Vermelhos se apoderaram do prédio dos Correios e dos principais prédios governamentais.Somente o Comitê Militar Revolucionário funcionava. Algumas tropas lideradas por Chernov tentavam impedir Kerênski de atacar Petrogrado. Os grupos direitistas estavam assustados com os tribunais revolucionários. A maioria queria entrar em acordo com os sovietes. Os reacionários usavam o Banco do Estado como arma política.De acordo com Reed, já não se falava mais em arruinar os Bolcheviques, e só a minoria cogitava em excluí-los do governo, como os Socialistas Populistas e os sovietes de Camponeses.


“Duas questões pareciam predominar na mente de todos, chocados pela ferocidade da guerra civil: primeiro, uma trégua ao derramamento de sangue, segundo a criação de um novo governo”(REED, 2002, p.348).


O palácio onde os sovietes se instalaram, estava movimentado, povoado de guardas vermelhos, marinheiros, operários, soldados e oficiais. Viam-se caminhões blindados e ouviam-se gritos exaltados. O general Krasnov, o Estado-Maior e os Cossacos renderam-se e tentaram convencer Kerênski a fazer o mesmo. Os Guardas Vermelhos se apoderaram do prédio dos Correios e dos principais prédios governamentais.Após algumas tentativas de Tomada do Poder, como é mostrado por Zuenir Ventura, Lênin, ao chegar ao Smolni, questionou Trotski sobre a revolução e ele contestou que o planejamento já entraria em execução. Ventura apresenta uma citação pitoresca do episódio.

"Às duas da manhã do dia sete de novembro, Trotski consultou seu relógio e disse: “Começou”. Lênin comentou: Da condição de fugitivo à conquista do poder-é uma grande virada. Sinto-lhe a vertigem”. E fez o sinal -da -cruz. Os dois homens permaneceram deitados lado a lado no chão áspero, com um tapete a cobri-los, enquanto aguardavam pelas novidades que, esperavam, mudariam a face do mundo. A grande parceria revolucionária entre Lênin e Trotski tinha começado". (VENTURA IN: REED, 2002, p.28)

OKTIABR-A Forma e o Conteúdo da Obra Cinematográfica Eisensteiniana


A então União Soviética encontrava-se numa época de florescimento cultural. A Revolução de 1917 havia chegado aos corações e mentes humanas e não havia um artista sequer que não se maravilhava com as obras e com os ideais construtivistas.O cinema que até então era tido apenas como um meio de comunicação (capaz de divulgar dados, transmitir notícias, difundir anúncios, propagandas e ideologias) e como entretenimento, revelou ao mundo o cineasta Sergei Eisenstein.Para Eisenstein, a arte cinematográfica não estaria simplesmente na seleção, captação ou enquadramento, mas no fato de cada fragmento de um filme ser uma parte orgânica de um conjunto já percebido pelo espectador, sem isentar o filme de seu caráter estilístico, ideológico e composicional. O espectador precisa absorver algo produtivo e intelectual em seus filmes. As discussões sobre diversão versus entretenimento são exasperantes para o cineasta, uma vez que o encargo do cinema é fazer com que seus receptores se sirvam, e não se divirtam: “Mais precisamente, diversão e entretenimento devem ser entendidos apenas como um ato quantitativo de se apoderar do material temático interior, e de modo algum como um poder qualitativo”. (EISENSTEIN, 2002, p.89).A Obra de Sergei Eisenstein não é uma expressão subjetiva avulsa, isolada do contexto revolucionário da década de 1920. O cineasta foi um agente ativo nos processos de transformação da época. Ele pretendia também, estimular determinados efeitos em seu público, que foram absorvidos ou não, já que nem todos que experimentaram suas obras eram revolucionários.Em Oktiabr, Eisenstein, influenciado por ideais construtivistas, objetivava fazer um filme voltado para a massa com alto teor crítico e intelectual, mas seu filme não foi muito bem compreendido na época, nem na contemporaneidade, já que até hoje muitos se utilizam do Cinema apenas como meio de entretenimento. O cineasta utilizava em suas ricas montagens muitas metáforas, simbolismos, associações e metonímias.Sua Obra, até os dias atuais, é utilizada como material historiográfico e analisada por cineastas de diferentes partes do mundo.

Invisibilidade Social




Faça chuva ou faça sol e lá estão eles, os responsáveis pela higiene da cidade.Se para uns são invisíveis, para os municípios e para saúde são indispensáveis.Conhecidos popularmente como lixeiros, garis e formiguinhas, nossos trabalhadores carregam características intrínsecas do povo mineiro. Com um olhar desconfiado, sorriso no rosto, simplicidade, disposição mesmo nos dias de tensão e agilidade, os garis somam, aproximadamente, 70 mil em Minas Gerais, com uma população de mais de 20 milhões de habitantes. O número varia de acordo com o número de habitantes e quantidade de lixos, afirma Maria Célia, funcionária do Via Solo, Betim.Às 4 horas da manhã, Dona Adélia Antônia de Freitas (53) acorda. Prepara o café matinal de sua família, passa seu batom, coloca suas bijuterias, pois se considera muito vaidosa, entra no ônibus 102 e se apressa para chegar ao trabalho às 7 horas.Segundo Aquimurrá, como é conhecida por seus companheiros de trabalho, essa rotina já se repete por 20 anos.Vinda de uma família muito humilde, Aquimurrá desconhece sua cidade natal, pois só foi ser registrada quando se mudou para Belo Horizonte.De lá para cá, ''muitas águas rolaram''. Viúva aos 18 anos, D.Adélia perdeu seu marido assassinado em discussões de drogas. '' Até para São Paulo, eu fugi com meu ex marido. Mas não teve jeito'', conta.Desse modo, precisou sustentar sua família sozinha debaixo da lona. Em 1994, outro problema em sua vida. Sua filha, de 4 anos, morre atropelada na sua frente. ''Entrei em depressão profunda, mas precisava ter forças para criar minha outra filha'' , emociona-se. ''O trabalho como gari me ajudou bastante, pois me fazia esquecer dos problemas. E hoje não vivo sem meu trabalho''.A rotina de um gari inclui desde varrer as ruas, praças, recolher objetos jogados, levar o lixo ao caminhão, percorrer um caminho determinado pela prefeitura e participar de projetos de reciclagem.O reaproveitamento de materiais recicláveis além de facilitar o trabalho dos garis, proporciona uma cidade mais limpa e uma economia crescente. '' Se não fossem os garis, o que seria de nossa cidade? Eles são os responsáveis pela conservação e limpeza dos nos nossos municípios'', afirma o taxista José Eustáquio.Apesar de serem pouco notados, muitas vezes discriminados e pouco valorizados, Aquimurrá se considera uma profissional realizada, pois conseguiu comprar seu imóvel em Nova Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, além de pagar suas contas.




Salário Bruto- 510 reais


Conta de Luz- 160 Reais


Água- 40 Reais


Gás- 44 Reais


Telefone- 25 Reais


Mercado- 200 Reais


Total - 469 Reais


Líquido- 41 Reais




Com os 41 reais, Aquimurrá aproveita para comprar suas necessidades pessoais.'' O importante é manter o sorriso no rosto;conclui.