quarta-feira, 12 de maio de 2010

Segunda Guerra Mundial na URSS


Em fevereiro de 2006 encontrei-me com Gluma, uma senhora russa que, com seus olhos já cansados, mãos trêmulas, com um sorriso meio tímido e numa sala lúgubre, disponibilizou seu tempo a contar-me sobre a Segunda Guerra Mundial na então União Soviética. Aquelas imagens, mesmo que imaginárias, não saíram mais da minha mente. Nunca mais.

Cada linha escrita aqui, procura emocionar e instigar o pensamento alheio, no instante mesmo em que foi redigida.

Ano de 1939- Inicia-se a maior catástrofe realizada pelo homem, conhecida como a Segunda Guerra Mundial. Mais de setenta nações envolvidas, 50 milhões de mortos e quase trinta milhões de mutilados.

Muitos historiadores acreditam que a principal causa diplomática teve sua origem no Tratado de Versalhes que determinava que a Alemanha aceitasse todas as responsabilidades por causar a Primeira Guerra Mundial e assinado entre a Tríplice Entente (Estados Unidos, Inglaterra, França e URSS ) e a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria e Itália). A Alemanha se viu despojada ao ceder à Polônia uma faixa de território que lhe dava acesso ao Mar Báltimo.Outros fatores também foram culminantes para a revolta alemã. A cidade de Danzig tornou-se controle da Liga das Nações, o território do Sarre, rico em carvão, foi cedido à França por um período de 15 anos. O Império Austro-Húngaro foi desmembrado pelo tratado de Paz de St. Germain-en-Laye, além de ser obrigada a reconhecer a Independência da Hungria, Iugoslávia Techcoslováquia e Polônia. A Alemanha também foi proibida de possuir um exército superior a 100 mil homens, de desenvolver projetos bélicos e sua divida superava a 260 bilhões de marcos-ouro.

Nesse cenário o mundo conheceu o ditador e nazista Adolf Hitler, cuja especialidade era atacar tudo que considerasse empecilho em seu caminho. Para isso, atacou cidades, indústrias, invadiu casas de inocentes, criou campos de concentração e tentou extinguir raças que considerasse inferiores, como os judeus. Para facilitar seu esquema de distinção e identificação, aplicou às roupas dos prisioneiros triângulos invertidos e coloridos. O amarelo servia para os judeus, o verde para criminosos, o vermelho para dissidentes políticos, o roxo para os que negavam a apoiar o nazismo, o azul para imigrantes, o castanho para ciganos, o rosa para homossexuais do sexo masculino e o preto para lésbicas, alcoólatras, deficientes, feministas e grevistas. “O primeiro quesito essencial para o sucesso é o emprego eternamente constante e regular da violência”.(HITLER apud ALOISIO, p.77).

Para a russa Gluma a guerra havia começado quando sua janela fora trincada. Até então, ninguém compreendia o que acontecia naquele país. Mas uma nuvem negra da guerra se alastrava pela Europa.

Segundo o escritor Nicholas Bethell a proclamação de invasão na União Soviética liderada por Hitler foi realizada pelo Ministro de Propaganda Joseph Goebbels na rádio.

A URSS encontrava-se no inverno rigoroso, a fome alastrava o país, muitas pessoas precisavam se separar de suas famílias. Muitos se amontoavam nas estações de trens, fugiam, eram cruelmente assassinados, suicidavam, mas havia também os que lutavam.
Como a vida econômica não podia parar, os soviéticos passaram a construir fábricas de forma a serem facilmente desmontáveis e conduzidas às regiões distantes do alcance da aviação invasora. Mas isso não evitou a catástrofe.

Engenheiros alemães já estudavam e faziam construções para facilitar o trabalho dos seus soldados. A exemplo disso foi construída a ponte que passava pelo Rio Berezina.
Varias operações também foram realizadas contra o governo soviético. Uma das mais conhecidas foi a Operação Barbarossa que ficou conhecida como uma operação militar alemã para invadir a União Soviética. O principal objetivo da Operação era uma rápida tomada da parte euroupéia da URSS a oeste da linha que liga as cidades de Arkhangelsk e Astrakhan.

Segundo historiadores Adolf Hitler rompeu com vários acordos durante a Guerra. A Primeira Guerra Mundial foi considerada a “última guerra romântica”, já que os nazistas invadiam os soldados e inocentes desprevinidos. “ Eu nao espero que os generais entendam-me, mas espero que eles obedeçam minhas ordens”. ( HITLER apud BETHELL, p. 26)

O então líder da URSS, Joseph Stálin, de caráter duvidoso, precisou aliar-se com Reino Unido, França e EUA. Em 30 de julho de 1941, Joseph Stálin recebeu a primeira mensagem enviada por Franklin Roosevelt. O então presidente norte-americano e o líder soviético trocaram 304 cartas ao longo da Segunda Guerra Mundial, até a morte de Roosevelt, em abril de 1945. Nas cartas negociavam as operações de ajuda do Ocidente aos soviéticos; a invasão ao Japão, o fim do nazismo e a proposta de Roosevelt de criação das Nações Unidas.

Em 1945 a “Guerra era apaziguada”, com a criação da ONU. Não há registros definitivos sobre o número de vítimas, mas os números giram em cerca de 25 milhões. Muitos estudiosos acreditam que Stalin fez olhar os números "inferiores" – Outros defendem que a União Soviética perdeu 10% de sua população total. E há os que afirmam que Stalin usou essas perdas como uma ferramenta de propaganda para permitir que os soviéticos pudessem expandir seu império sobre a Polônia, Hungria, Bulgária.

Muitos de seus habitantes, aflitos e desalojados, fugiram para outros países em busca de tranqüilidade e paz, como foi o caso de Gluma, que havia perdido seu marido para a Guerra. Atualmente Gluma reside no Canadá com seus filhos e netos. Ao ser questionada se pretende voltar ao país de origem, diz que ficará apenas na lembrança.

"Hitler já colocou o planeta inteiro contra a Alemanha. A chamada 'raça superior' tornou-se alvo do ódio geral."STALIN, Editora Abril, Fevereiro de 1945

terça-feira, 11 de maio de 2010

Música, Literatura e Adriana Calcanhotto



Esbanjando delicadeza, sonoridade e boa música, Adriana Calcanhotto empresta suas composições e sua voz aos ouvidos brasileiros.

Mas não podia ser diferente. Filha de artistas, aos seis anos de idade, a gaúcha ganha o primeiro violão de sua avó. Mas engana-se quem pensa que o primeiro contato tenha sido apaixonante. Segundo a própria cantora, as primeiras aulas eram entediantes. Após algumas aulas e contato com diferentes tipos de músicas, dança, poetas e autores ligados ao Mar, Adriana se rendeu aos encantos da voz e violão.

Em princípio, a gravadora pretendia titulá-la como uma cantora romântica, ou para ser mais exata, transformá-la no “Roberto Carlos de saia”. Calcanhotto relembra com humor e descontração ao contar para a cantora Maria Bethânia que brinca. “ Mas você não usa saias!”

Intérprete da Música Popular Brasileira, Adriana adverte sobre o cuidado na escolha do repertório. “ É preciso prestar atenção se àquela música gosta tanto de você , quanto você gosta dela.”

Entre risos e serenidade, a também compositora acredita que cada canção nasce de um jeito. “Eu acho importante não criar uma situação para compor. O processo de composição é um acidente”. Adepta do sistema americano, Adriana prefere fazer suas composições sozinha e depois enviá-las aos parceiros de trabalho. A cantora relembra uma história cômica, quando foi convidada pela Marisa Monte para comporem em parceria com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Calcanhotto diz que ficou “travada” nesse processo de composição em grupo e que só conseguia admirar o trabalho do trio.

Dentre os diversos trabalhos realizados no decorrer de sua carreira, além das composições, encontram-se dez discos, três livros ( O Poeta Aprendiz, Algumas letras, realizados em 2003 e Saga lusa - o relato de uma viagem, feito em 2008, em que a cantora relata os dias e noites que passou acordada e doente, devido a uma forte gripe e a uma mistura de medicamentos).

Calcanhotto também fala com orgulho do Espetáculo “Qualquer coisa de intermédio”, em que prestigia o universo cultural português interpretando obras de Fernando Pessoa, Luís de Camões, Arnaut Daniel, Amália Rodrigues e Carmem Miranda, encomendado pela fundação Gulbenkian de Paris.

Mas é impossível falar de sua carreira, sem se render a doçura e ao encanto de Partimpim, lançado em 2004 e destinado principalmente para as crianças. Adriana descreve que sempre admirou a generosidade de artistas como Toquinho, Vinicius de Moraes e Chico Buarque fazerem músicas com o mesmo padrão de qualidade que fazem para adultos. A cantora acredita que as pessoas subestimam o gosto da criança e que separam música infantil da dos adultos. “ Música infantil é uma invenção dos adultos. É o que os adultos imaginam que as crianças querem ouvir”, afirma. Segundo Adriana, o princípio do Partimpim, diferente do que ela pensava, não foi muito reconhecido, pois diziam ” Você não pode gravar um CD, pois você não tem um programa na TV”. O sucesso de Partimpim só constata o contrário dessa afirmação, já que a artista já está no seu terceiro trabalho.

Ao ser questionada qual seria seu sonho, Adriana Calcanhotto ou Adriana Partimpim se diz realizada. “ Meu sonho hoje em dia é continuar, que é um grande privilégio, viver fazendo o que eu gosto, fazer música, cantando para crianças, cantando para pessoas”, conclui.