terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tropa de Elite- Agora é Real


Não teve um brasileiro que não se sentiu vingado com a prisão de Elizeu Felício de Souza (Zeu), traficante e assassino do jornalista Tim Lopes. Eu me recordo, como se fosse hoje, o ano de sua morte, 2002, já que era comentário geral no meu primeiro dia de faculdade. Quase todos queríamos nos especializar em jornalismo investigativo. Era paixão na veia, um desejo intríseco de fazer a diferença e de fazer o bem por meio do jornalismo. Esse desejo, mesmo que introspectivo, permanece vivo em mim.

Com todo o bombardeio de notícias, nos canais abertos e fechados, rádios, jornais impressos e na Internet, a sensação que tive era de que a matéria estava sendo feita pelo mesmo jornalista, com a diferença, é claro, dos modelitos de seus coletes a prova de bala. Uns mais sensacionalistas, como é o caso do Datena (quem assiste ao Datena não sai de casa. Então, não assista), outros mais amendrontados e havia os profissionais que demonstravam mais segurança. O foco era o mesmo: Desdobramento das operações da guerra contra ao narcotráfico no Rio de Janeiro e a ocupação do Complexo do Alemão.
Cerca de 150 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), 30 fuzileiros navais com rostos pintados e seis carros blindados do tipo M113 do Corpo de Fuzileiros navais entravam na Vila Cruzeiro, na Penha, no início da tarde da última quinta-feira. A população estava amedrontada, os gritos e choros eram ouvidos em coro, os tiros cobriam o céu do Rio de Janeiro e o Mundo assistia ao Tropa de Elite. Um sinal?! A favela encontrava-se em Guerra.

Mas no meio de tanta informação, uma cena realmente me tocou: Quando o pai, Sr. Ivanildo Dias de Trindade, entrega seu filho Carlos Augusto às Forças de Segurança, afirmando: "Um dia ele ia ter que pagar. Agradeço por ele ainda estar vivo”. Quantos pais teriam essa consciência? Demonstrarem seu amor sem serem coniventes com o tráfico e sem abrirem mão de sua dignidade.

E tudo isso por quê? Por acreditarem na Paz, na Justiça e na Esperança de que dias melhores virão.

Mãe, meu anjo sem asas


Dizem que todos nós temos um anjo na Terra. Eu não tenho dúvida que o meu é minha mãe.
Com seu jeitinho esparafatoso e comunicativo, ela consegue conquistar uma multidão.
Se define como uma pessoa tímida, mas sua chegada nunca passa despercebida.
É amada pelos idosos e idolatrada pelos cãezinhos (O Lully que o diga)
É sensível aos problemas alheios (principalmente aos meus) e seu olhar aspira bondade.
É capaz de abrir mão de sua felicidade só para me ver sorrindo.
Vibra tanto com minhas vitórias que esquece de seu próprio mérito.
Passa noites acordada só para me ver sonhar.
Acredita tanto em mim, que o Universo se torna pequeno para os meus sonhos e objetivos.
Sorri quando sorrio, chora quando choro e mesmo quando estamos distantes nos sentimos próximas.
É um anjo (mesmo não tendo asas), é minha amiga, é minha irmã, é minha MÃE.

Ô mãezinha, obrigada por existir e por ser meu anjo aqui na Terra!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Alzheimer - Como se fosse a primeira Vez


Como vocês podem perceber, hoje não são 21 de setembro, Dia Mundial do Alzheimer. Mas um dia normal que me inspirou a escrever sobre a importância na divulgação dessa doença que causa perda progressiva de memória, alucinações e dificuldade de concentração.

Digo isso, por experiência própria (não, eu não tenho Alzheimer), mas já tive a honra de trabalhar com um número considerável de idosos que apresentavam Alzheimer no Canadá. As histórias eram as mais fascinantes possíveis.

O desafio de conquistá-los e de apresentar-me todos os dias como se fosse o primeiro era surpreendente. Se para uns causa impaciência e sensação de perda de tempo, para mim foi um privilégio a experiência de ouvi-los e cuidar de cada um como se fosse membro da minha família.

Encontrei-me com idosos de diferentes culturas, países, raças e religiões, mas com duas características em comum: Possuíam Alzheimer e encontravam-se alojados no mesmo asilo. A priori, tive uma sensação horrível “Como uma família tem coragem de deixar um parente no asilo”? Mas obtive a resposta no primeiro dia. Os asilos de Toronto são especiais e os nossos velhinhos são tratados com muito respeito e carinho. Quase todos os dias são uma “festa”. Na segunda tem o Bingo, na quarta o karaokê e na sexta os bailinhos. Por se tratar de um país multicultural, o asilo recebe idosos de vários países e em cada baile acontece um tema diferente (infelizmente não presenciei a festa brasileira, pois retornei antes para o Brasil). A chegada do verão também era motivo de alegria, pois tínhamos, pelo menos uma vez por semana, o famoso barbecue.

Não era sempre que eu conseguia convencer Mr. Fitzpatrick a comparecer nos Eventos. Mas confesso que o meu lado atriz me ajudava bastante. Com meus velhinhos, já dei gargalhadas, já chorei e já passei por cada apuro... Numa manhã de muita neve (o que não é novidade no Canadá) uma senhorinha, que não me recordo o nome, veio ao meu encontro aos prantos. Sem entender muito bem o que ela dizia, tentei acalmá-la. Ela dizia mais ou menos essas palavras: “Onde estão minhas filhas? Ele raptou minhas filhas? Me ajude!” Eu não compreendia direito quem era “ele”, mas aos pouquinhos ela foi se soltando e perguntei às enfermeiras um pouco de sua história. Nossa velhinha era judia e residia na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial sofrendo perseguições e humilhações. O “ele” era o Hitler e seu maior medo era que suas filhas fossem perseguidas pela tropa do nazismo. É impossível não emocionar-me quando relembro dessa história. O instinto que tive foi de abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem – “Everything is gonna be alright.” (Ok, eu confesso que chorei muito também). Foi quando percebi que eu estava com o ser mais inofensivo em minha frente, que só precisava de carinho e segurança. No mesmo dia, tentamos entrar em contato com suas filhas que, por sua vez, foram na mesma semana visitá-la. Voltando para casa, meus pensamentos eram por inteiro da senhorinha e eu não podia esperar o amanhecer para reencontrá-la no trabalho. Assim que a vi perguntei: Como está a senhora? Com um sorriso desconfiado ela me voltou uma pergunta: “Who are you?”

Que doença é essa? Que faz com que você se esqueça dos acontecimentos atuais, mas torna o passado mais presente que nunca?
Essa doença é o Alzheimer e apesar dos 103 anos da sua descrição, pesquisadores e estudiosos ainda não descobriram a cura. Segundo dados da Universidade Regional de Blumenau, “a doença é responsável por 50% dos casos de demência na população idosa e ocorre em cerca de 4% a 5% da população após os 65 anos de idade, sendo que a incidência chega a 80% após os 90 anos”.



De acordo com informações da FURB, O Dia Mundial de Alzheimer foi criado em 21 de setembro de 1994, durante um Congresso Internacional em Edimburgo, na Escócia. Esta doença recebeu este nome em homenagem a Alois Alzheimer, um psiquiatra alemão, quem descreveu pela primeira vez, em 1906, os sintomas e as características neuropatológicas da doença de Alzheimer. Após a morte de uma paciente que apresentava perda progressiva da memória, dificuldades de concentração e alucinações, foi constatado depósitos de proteínas em seu cérebro, tanto em forma de placas, fora das células, como de emaranhados, dentro delas. De maneira simplista, apesar da seriedade da doença, os primeiros sintomas do Alzheimer são muitas vezes, errônemante, relacionados com o envelhecimento ou com o stresse, mas o mais notável é a perda de memória a curto prazo e desorientação de tempo e espaço. Na segunda fase, os pacientes apresentam dificuldades na linguagem ou na execução de movimentos. Na terceira fase ocorre a degeneração progressiva que dificulta a independência do paciente, além de manifestações como a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, agressividade e Incontinência urinária. Já na quarta fase, o paciente já está completamente dependente das pessoas que o cerca, pois sua massa muscular e a sua mobilidade degeneram-se. Como a defesa do corpo está muito frágil, um fator externo pode causar a morte do paciente. Por isso precisam de acompanhamento médico e atenção e carinho dos familiares.