terça-feira, 11 de maio de 2010

Música, Literatura e Adriana Calcanhotto



Esbanjando delicadeza, sonoridade e boa música, Adriana Calcanhotto empresta suas composições e sua voz aos ouvidos brasileiros.

Mas não podia ser diferente. Filha de artistas, aos seis anos de idade, a gaúcha ganha o primeiro violão de sua avó. Mas engana-se quem pensa que o primeiro contato tenha sido apaixonante. Segundo a própria cantora, as primeiras aulas eram entediantes. Após algumas aulas e contato com diferentes tipos de músicas, dança, poetas e autores ligados ao Mar, Adriana se rendeu aos encantos da voz e violão.

Em princípio, a gravadora pretendia titulá-la como uma cantora romântica, ou para ser mais exata, transformá-la no “Roberto Carlos de saia”. Calcanhotto relembra com humor e descontração ao contar para a cantora Maria Bethânia que brinca. “ Mas você não usa saias!”

Intérprete da Música Popular Brasileira, Adriana adverte sobre o cuidado na escolha do repertório. “ É preciso prestar atenção se àquela música gosta tanto de você , quanto você gosta dela.”

Entre risos e serenidade, a também compositora acredita que cada canção nasce de um jeito. “Eu acho importante não criar uma situação para compor. O processo de composição é um acidente”. Adepta do sistema americano, Adriana prefere fazer suas composições sozinha e depois enviá-las aos parceiros de trabalho. A cantora relembra uma história cômica, quando foi convidada pela Marisa Monte para comporem em parceria com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown. Calcanhotto diz que ficou “travada” nesse processo de composição em grupo e que só conseguia admirar o trabalho do trio.

Dentre os diversos trabalhos realizados no decorrer de sua carreira, além das composições, encontram-se dez discos, três livros ( O Poeta Aprendiz, Algumas letras, realizados em 2003 e Saga lusa - o relato de uma viagem, feito em 2008, em que a cantora relata os dias e noites que passou acordada e doente, devido a uma forte gripe e a uma mistura de medicamentos).

Calcanhotto também fala com orgulho do Espetáculo “Qualquer coisa de intermédio”, em que prestigia o universo cultural português interpretando obras de Fernando Pessoa, Luís de Camões, Arnaut Daniel, Amália Rodrigues e Carmem Miranda, encomendado pela fundação Gulbenkian de Paris.

Mas é impossível falar de sua carreira, sem se render a doçura e ao encanto de Partimpim, lançado em 2004 e destinado principalmente para as crianças. Adriana descreve que sempre admirou a generosidade de artistas como Toquinho, Vinicius de Moraes e Chico Buarque fazerem músicas com o mesmo padrão de qualidade que fazem para adultos. A cantora acredita que as pessoas subestimam o gosto da criança e que separam música infantil da dos adultos. “ Música infantil é uma invenção dos adultos. É o que os adultos imaginam que as crianças querem ouvir”, afirma. Segundo Adriana, o princípio do Partimpim, diferente do que ela pensava, não foi muito reconhecido, pois diziam ” Você não pode gravar um CD, pois você não tem um programa na TV”. O sucesso de Partimpim só constata o contrário dessa afirmação, já que a artista já está no seu terceiro trabalho.

Ao ser questionada qual seria seu sonho, Adriana Calcanhotto ou Adriana Partimpim se diz realizada. “ Meu sonho hoje em dia é continuar, que é um grande privilégio, viver fazendo o que eu gosto, fazer música, cantando para crianças, cantando para pessoas”, conclui.

4 comentários:

  1. Ai que sonhooooo! Amo essa mulher! Por que uns acidentes como os que acontecem com ela não acontecem comigo... rs Além de tudo é humilde!rs É claro que as composições dela não são acidente! Ser competente é arte. Amei!

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Encontrei seu blog.rsrsrsrs!!!
    Gosto muito da Adriana Calcanhotto é muito bom poder conhecer mais um pouquinho dela e saber como tudo começou..Parabéns pelo blog!
    Valeila FDC

    ResponderExcluir