quinta-feira, 15 de abril de 2010

IDEOLOGIA X PRÁTICA JORNALÍSTICA


A Cobertura da Mídia Impressa Americana nos cenários da Revolução Cubana


Entre 1957 até 1961, as notícias de jornais americanos, como o The New York Times geraram diferentes pontos de vista e com uma carga ideológica perceptível, principalmente a assuntos relacionados à Revolução Cubana e a figura de Fidel Castro.

Esse conflito pode ser evidenciado nos artigos feitos por Herbert Matthews e Hart Phillips ou Tad Szulc. Enquanto Matthews defendia Castro por acreditar estar cumprindo seu papel como jornalista, Tad Szulc além de ser contrário à Revolução e ao Fidel, era favorável à ideologia norte-americana, e conseqüentemente, obedecia e seguia a linha editorial do jornal.

Esse fato pode ser comprovado na manchete realizada no dia 02 de agosto de 1960. "Red Influence growing in Cuba behind Facade of the Revolution", Tad Szulc.

O jornalista Herbert Matthews distinguindo-se de seu companheiro de trabalho publicou a seguinte manchete no dia 04 de janeiro de 1959: " Cuba: First step to a new era"
Segundo Anthony de Palma, no livro "O Homem que inventou Fidel”, afirma que Matthews, o primeiro jornalista a entrevistar Fidel Castro, foi acusado de comunista, inocente, e traidor da pátria, devido às suas matérias.

A linha editorial do jornal, com maior retorno financeiro e credibilidade do mundo ocidental, segue uma ideologia sempre atrelada ao governo norte americano, que nunca ocultou seu desgosto pelo triunfo da Revolução e, promoveu e financiou movimentos e campanhas anti-revolucionárias por meio da mídia, com o objetivo de divulgar informações e manusear a opinião pública, desestabilizando a economia cubana e isolando-a do resto da comunidade internacional.

Os donos do "The New York Times", desde 1896, são membros de uma família tradicional e alemã, Ochs. A família implantou sua visão do que deveria ser o jornalismo e o implantou como uma bíblia para a opinião pública americana, com uma visão da realidade indiscutivelmente aceita por seus leitores.

Dentro do contexto dos estudos sobre os efeitos dos meios de comunicação na sociedade, percebe-se que a instituição Times, através da agenda-setting, sempre compreendeu e utilizou dessa hipótese. O jornal é apresentado como agente modificador da realidade social, apontando para o público, a seleção dos temas a serem discutidos e sobre o que se deve estar informado ou não.

Se houvesse qualquer possibilidade que um repórter tendesse para uma visão política não compatível com o Times, especialmente comunista, esse era investigado minuciosamente. Isso retira a autonomia do jornalista e o impede de exercer seu trabalho com ética e objetividade.

"Se houvesse o rumor de que um repórter do Times tendia para a esquerda, suas matérias eram lidas e relidas com vigilância pelos editores" (Talese, , 2000, p44)

Um comentário:

  1. Esse artigo ficou muito bom! Claro que você poderia dar N exemplos... Não só sobre a imprensa Americana como a imprensa em geral. E dá pano pra manga esse assunto. Mas foi um excelente começo. Great job!

    ResponderExcluir