Faça chuva ou faça sol e lá estão eles, os responsáveis pela higiene da cidade.Se para uns são invisíveis, para os municípios e para saúde são indispensáveis.Conhecidos popularmente como lixeiros, garis e formiguinhas, nossos trabalhadores carregam características intrínsecas do povo mineiro. Com um olhar desconfiado, sorriso no rosto, simplicidade, disposição mesmo nos dias de tensão e agilidade, os garis somam, aproximadamente, 70 mil em Minas Gerais, com uma população de mais de 20 milhões de habitantes. O número varia de acordo com o número de habitantes e quantidade de lixos, afirma Maria Célia, funcionária do Via Solo, Betim.Às 4 horas da manhã, Dona Adélia Antônia de Freitas (53) acorda. Prepara o café matinal de sua família, passa seu batom, coloca suas bijuterias, pois se considera muito vaidosa, entra no ônibus 102 e se apressa para chegar ao trabalho às 7 horas.Segundo Aquimurrá, como é conhecida por seus companheiros de trabalho, essa rotina já se repete por 20 anos.Vinda de uma família muito humilde, Aquimurrá desconhece sua cidade natal, pois só foi ser registrada quando se mudou para Belo Horizonte.De lá para cá, ''muitas águas rolaram''. Viúva aos 18 anos, D.Adélia perdeu seu marido assassinado em discussões de drogas. '' Até para São Paulo, eu fugi com meu ex marido. Mas não teve jeito'', conta.Desse modo, precisou sustentar sua família sozinha debaixo da lona. Em 1994, outro problema em sua vida. Sua filha, de 4 anos, morre atropelada na sua frente. ''Entrei em depressão profunda, mas precisava ter forças para criar minha outra filha'' , emociona-se. ''O trabalho como gari me ajudou bastante, pois me fazia esquecer dos problemas. E hoje não vivo sem meu trabalho''.A rotina de um gari inclui desde varrer as ruas, praças, recolher objetos jogados, levar o lixo ao caminhão, percorrer um caminho determinado pela prefeitura e participar de projetos de reciclagem.O reaproveitamento de materiais recicláveis além de facilitar o trabalho dos garis, proporciona uma cidade mais limpa e uma economia crescente. '' Se não fossem os garis, o que seria de nossa cidade? Eles são os responsáveis pela conservação e limpeza dos nos nossos municípios'', afirma o taxista José Eustáquio.Apesar de serem pouco notados, muitas vezes discriminados e pouco valorizados, Aquimurrá se considera uma profissional realizada, pois conseguiu comprar seu imóvel em Nova Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, além de pagar suas contas.
Salário Bruto- 510 reais
Conta de Luz- 160 Reais
Água- 40 Reais
Gás- 44 Reais
Telefone- 25 Reais
Mercado- 200 Reais
Total - 469 Reais
Líquido- 41 Reais
Com os 41 reais, Aquimurrá aproveita para comprar suas necessidades pessoais.'' O importante é manter o sorriso no rosto;conclui.
Precisa comentar? Sensacional! Admiro sua sensibilidade pra lidar com fatos tão delicados. A reportagem ficou linda! Congrats!
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