A Cobertura da Mídia Impressa Americana nos cenários da Revolução CubanaEntre 1957 até 1961, as notícias de jornais americanos, como o The New York Times geraram diferentes pontos de vista e com uma carga ideológica perceptível, principalmente a assuntos relacionados à Revolução Cubana e a figura de Fidel Castro.
Esse conflito pode ser evidenciado nos artigos feitos por Herbert Matthews e Hart Phillips ou Tad Szulc. Enquanto Matthews defendia Castro por acreditar estar cumprindo seu papel como jornalista, Tad Szulc além de ser contrário à Revolução e ao Fidel, era favorável à ideologia norte-americana, e conseqüentemente, obedecia e seguia a linha editorial do jornal.
Esse fato pode ser comprovado na manchete realizada no dia 02 de agosto de 1960. "
Red Influence growing in Cuba behind Facade of the Revolution", Tad Szulc.
O jornalista Herbert Matthews distinguindo-se de seu companheiro de trabalho publicou a seguinte manchete no dia 04 de janeiro de 1959: "
Cuba: First step to a new era"Segundo Anthony de Palma, no livro "O Homem que inventou Fidel”, afirma que Matthews, o primeiro jornalista a entrevistar Fidel Castro, foi acusado de comunista, inocente, e traidor da pátria, devido às suas matérias.
A linha editorial do jornal, com maior retorno financeiro e credibilidade do mundo ocidental, segue uma ideologia sempre atrelada ao governo norte americano, que nunca ocultou seu desgosto pelo triunfo da Revolução e, promoveu e financiou movimentos e campanhas anti-revolucionárias por meio da mídia, com o objetivo de divulgar informações e manusear a opinião pública, desestabilizando a economia cubana e isolando-a do resto da comunidade internacional.
Os donos do "The New York Times", desde 1896, são membros de uma família tradicional e alemã, Ochs. A família implantou sua visão do que deveria ser o jornalismo e o implantou como uma bíblia para a opinião pública americana, com uma visão da realidade indiscutivelmente aceita por seus leitores.
Dentro do contexto dos estudos sobre os efeitos dos meios de comunicação na sociedade, percebe-se que a instituição Times, através da agenda-setting, sempre compreendeu e utilizou dessa hipótese. O jornal é apresentado como agente modificador da realidade social, apontando para o público, a seleção dos temas a serem discutidos e sobre o que se deve estar informado ou não.
Se houvesse qualquer possibilidade que um repórter tendesse para uma visão política não compatível com o Times, especialmente comunista, esse era investigado minuciosamente. Isso retira a autonomia do jornalista e o impede de exercer seu trabalho com ética e objetividade.
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Se houvesse o rumor de que um repórter do Times tendia para a esquerda, suas matérias eram lidas e relidas com vigilância pelos editores" (Talese, , 2000, p44)